“Aqui, os assuntos do sexo como eram tratados (ou não) na minha infância e juventude. Eu, imitando o uróboros, que começa a comer-se pelo próprio rabo, só agora, aos oitenta anos, encontrei forças para mergulhar na questão, embora ela seja sempre presente, como o ar; tema que envolve curiosidade, brincadeira, ansiedade, segregação, gosto, blasfêmia, oração… Vida e morte. Sendo algumas vezes metáfora desta e (alô, Courbet!) a própria origem daquela. A sabedoria popular, a intuição aguda do mundo folclórico, que, com a Urgência Didática criou uma escola em volta de nós, salvou aquela geração, evitando que chegássemos à idade adulta completamente ignorantes quanto à sexualidade. Sempre sobre aqueles em quem a proibição pesa mais fortemente, aí é que explodem os textos e reações mais veementes. É o caso de Carmina Burana, texto que veio de um convento na Idade Média. E foi assim que aconteceu a letra de Dedo: eu era criança e escutava as meninas, em outra sala, brincando de fazer rimas eróticas.”
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